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Alexandre Frazão
Quintessência
CD
Palco Improvisado 2024

 

Há músicos que gravam quatro discos por ano sem ter grande coisa para dizer, e há músicos que se guardam uma vida. Alexandre Frazão pertence a esta última categoria, e estranhamos porque é que ele não gravou há mais tempo: já se ouvia a bateria de Alexandre Frazão no início dos anos 90, e durante muitos anos ele era um dos três bateristas de serviço para tudo. Eclectismo, energia, proficiência e um colorido percussivo peculiar fez dele um dos mais requisitados bateristas da cena nacional, no Jazz, mas também no rock, na pop ou na música popular.

O seu nome aparece na ficha técnica de mais de duzentos discos, entre Bernardo Sassetti, Carlos Martins, Laurent Filipe, Carlos Barretto, Mário Delgado, Maria João e Mário Laginha, e ele é o baterista do provento trio de Mário Laginha, mas também um dos lados do triâgulo TGB (tuba, guitarra e bateria, com Mário Delgado e Sérgio Carolino); ou fora do Jazz nos Tim Tim por Tim Tum, nos Resistência ou nos Led On (com Paulo Ramos, Mário Delgado, Manuel Paulo e Zé Nabo), onde se diverte a tocar Led Zeppelin.

Para lá do eclectismo, eu diria que com este disco Frazão afirma o Jazz com a quintessência da sua música. O disco começa com uma homenagem explícita a Ornette Coleman, com «Nameloc» (Coleman invertido), que curiosamente parece evocar também Jack DeJohnette («One for Eric», Jack DeJohnette Special Edition, 1979), e as referências, inesperadas, prosseguem com Don Byron (e uma vez mais DeJohnette), «I Dream of Jeannie», o tema de uma sitcom dos anos 60, «Narayama», uma balada de Bernardo Sassetti, um tema do pianista Manuel Oliveira, dois outros de Frazão,«Nat», dos Dead Combo, com colaboração de Tó Trips; e o faducho não era necessário.

Banda coesa, com dois impulsivos solistas em evidência: Tomás Marques e Luís Cunha.

Quintessência, nada de mais, afinal: apenas um bom disco de Jazz! E bem que precisados andamos!

 

Alexandre Frazão (bat)
Tomás Marques (s)
Luís Cunha (t)
Manuel Oliveira (p)
Rodrigo Correia (ctb)
e
Tó Trips (g em «Nat»)
Camané (voz em «Beijo Partido»
Afonso Pais (g em «Beijo Partido»)